Ah… Portugal. Esta terra além-mar nos encantou e nos apaixonamos por cada cantinho. Portugal tem de tudo um pouco: belas praias no Algarve; lindas montanhas na região de Trás dos Montes; vales e cenários rurais incríveis no Vale do Rio Douro; cidades charmosas e históricas, como Évora, Guimarães e Coimbra; além de muitas vilas medievais, cidadezinhas pacatas e deliciosas de morar, e uma riqueza cultural sensacional.
Em anos anteriores já tínhamos visitado Portugal, o que nos fez escolher Lisboa como nossa Segunda Morada Nômade. Como todas as demais cidades do país, a capital é linda, com ótima infraestrutura, preços bem razoáveis para uma capital europeia, super segura e com muitos atrativos.
Não encontramos muitos nômades digitais pela cidade, mas há espaço para vivermos bem por lá. O custo de viver em Lisboa é mais baixo quando comparado a outras capitais do Espaço Schengen* (veja mais informações no final do post), boa conexão de internet – incluindo telefonia móvel, vários espaços de coworking e muitas facilidades do dia-a-dia. Para quem estiver interessado em morar um tempinho nesta bela cidade, confira um pouco do nosso cotidiano.
Diário Nômade de Lisboa
Onde morar
Os bairros mais turísticos de Lisboa oferecem mais opções de moradia, como Alfama, Bairro Alto, Baixa, Castelo e Estrela. Nestes bairros há vasto comércio, muitos restaurantes e bares e também estão mais próximos dos pontos de interesse turístico e cultural.
Nós optamos por sair um pouco da zona turística e curtir a tranquilidade do outro lado da cidade. Moramos em Entrecampos, bem pertinho da Universidade de Lisboa.
O bairro tem aquele movimento constante de estudantes, funcionários e professores. Moramos em um edifício que foi construído pensando neste público. Cada apartamento acomoda bem duas pessoas. A parte térrea é comercial, sendo na área externa do prédio há lojas, bares, restaurantes e conveniências e na parte interna funciona uma incubadora de empresas, que abre oportunidades para jovens empreendedores desenvolverem seus negócios inovadores.
Em Entrecampos se encontram muitos prédios residenciais também e com isto muitos mercados, padarias, restaurantes, farmácias, lavanderias, entre outros. Ou seja, todos os serviços necessários e com um preço menor que na área turística. Moramos bem pertinho do gracioso Jardim do Campo Grande (abaixo).
Em Lisboa, pelo Airbnb, a partir de Us$ 650 já se encontram ótimas opções de apartamentos inteiros e bem equipados. Há também opções mais baratas de Quartos Inteiros (para saber os tipos de acomodação, leia nosso outro post).
Conectar-se
Telefonia Móvel
Em Lisboa existem três principais empresas telefônicas, ou “de telemóvel”. Você, mesmo como turista, pode comprar um cartão pré-pago SIM com internet em qualquer loja, basta apresentar o passaporte. A Vodafone é a mais conhecida e também considerada a melhor em termos de telefonia e internet, seguida pela MEO e pela NOS.
Em outras viagens para Portugal já havíamos testado a Vodafone e superou as expectativas (principalmente em deslocamentos para lugares no interior). Assim, não pensamos duas vezes e compramos o chip da empresa. Mas, o que percebemos é que todas as operadoras por lá têm boa conexão de internet e telefone e os preços são bem similares em termos de planos mensais. O chip da Vodafone já vinha com créditos (que durou o mês inteiro) e custou 20€.
Um detalhe que precisamos ressaltar para quem usa bastante o Skype via fone. As operadoras de Portugal bloqueiam o programa. Não sabendo disso, tentávamos ligar sem sucesso. Como utilizávamos o Skype quando estávamos em casa e o Whatsapp fora, nem perguntamos na Vodafone se havia algum plano para utilizar o Skype também. Então, atenção se você comprar o chip e usar o programa. Só isto, de restante a operadora é ótima.
Wi-Fi
No apartamento de Lisboa a internet era muito boa, com velocidade de 8,5 Mb de download e 1,8 Mb de upload e nenhuma oscilação.
Como estávamos com chip, não precisamos de wifi em locais públicos. Fast foods e vários restaurantes oferecem o serviço gratuito, mas não testei para saber a qualidade.
No metrô existe a On-fi, que é uma rede gratuita e de boa velocidade para ser usada nas estações e trajetos. Ela estava anunciando que teria em vários pontos da cidade também, mas não chegamos a ver sinal fora do metrô.
Trabalhando
Coworking
Em Lisboa trabalhamos em casa, que diga-se de passagem foi super gostoso. Mas, existem ótimas opções de coworking para quem precisa de outro espaço. Passamos no CoworkLisboa (na foto) e no AvilaCoworking. Para você ter uma ideia de valores, o CoworkLisboa cobra 12€/dia, 40€/semana ou 100€/mês e o Avila 15€/dia, 45€/semana ou 170€/mês quando se contrata um espaço avulso, mas tem planos mais baratos mensais. Os planos diários incluem o espaço físico, secretária e bloco de gavetas, internet wifi, uso do lounge e da copa e participação em Workshops e Ações de Networking que eles realizam.
O mapa abaixo, retirado do site coworkingmap.org mostra onde estão localizados os espaços de coworking em Lisboa.
Quer saber mais sobre como funciona um coworking? Leia aqui.
Deslocamentos
Lisboa é pequena quando comparada a outras capitais. Andar pela cidade é muito tranquilo e agradável. Trânsito respeitando o pedestre e pedestre respeitando o trânsito (o que também é importante – cada uma faz sua parte). Pegamos uma única vez um táxi, que foi para ir do aeroporto a nosso apartamento. Pagamos 8€ a corrida. Depois andamos de metrô e ônibus.
A rede de metrô não é muito longa, mas chega a todos os principais pontos turísticos centrais. Para ter descontos na tarifa e andar sossegado, o melhor é comprar o cartão “Viva Viagem” (foto do seeknewtravel.com) e recarregar sempre que preciso.
Com este cartão você anda de metrô, ônibus (exceto o Aerobus), elétricos e trens/comboios para região metropolitana (veja linhas de metrô, ônibus e elétricos em Carris e comboios em CP). Pagamos 0,50€ no cartão, que pode ser comprado nas máquinas disponíveis em todas as estações. Cada viagem de metro estava custando 1,40€, mas há várias opções de recarga, que reduzem o preço por viagem.
Os ‘eléctricos’ são ônibus (elétricos!) que servem boa parte de Lisboa. Para ir a Torre de Belém e proximidades, o elétrico é a melhor opção.
Há também os bondinhos charmosos (também elétricos), que sobem e descem as ladeiras das ruas mais turísticas e as proximidades. Em geral, estão sempre lotados e a tarifa é maior.
Já os comboios metropolitanos atendem cidades turísticas próximas, como Sintra, Cascais e Estoril.
Cidades mais distantes, como Torres Vedras, Caldas da Rainha ou mesmo as grandes como Évora e Porto, os trens tem valores diferentes. Para Torres Vedras, por exemplo, pagamos 8,50€ da estação de Meleças (que faz a interligação entre zonas) até a cidade. Os trens para as vilazinhas do meio mais rural são ótimos, mas esta é uma história para outro post, mais turístico.
Um ponto importante: há estações sem catracas ou controle de entrada. Nestas, nunca esqueça de passar o cartão no totem para contabilizar a passagem. Em algumas viagens a fiscalização pede o bilhete e confere o pagamento.
Lisboa também lotou de tuk tuk, aquela motos alteradas famosas na Tailândia e Índia. É também uma opção de passeio nas áreas turísticas, mas convenhamos, com tantas belezas, melhor mesmo ir andando.
Na cozinha
Portugal é absurdamente incrível em sua gastronomia. Qualquer restaurante “de beira de estrada” serve refeições maravilhosas. Mas, como comer fora todo dia é inviável, tentamos fazer o melhor na nossa cozinha mesmo.
Há vários restaurantes espalhados por Lisboa e, obviamente, os da área turística são mais caros. Entretanto, andando por lá, encontramos o menu do dia por 6,50€, que inclui entrada + prato principal + bebida (vinho, cerveja ou água) + sobremesa ou café. Precisa melhor? (Aqui preciso abrir um parênteses para o café. O café expresso de Portugal é o melhor café que tomamos até hoje! Sem dúvida nenhuma. Todos os cafés que pedimos eram excelentes e com um preço muito justo, na média, 0,70€!).
Quem circula por Portugal também não deixa de provar os Pastéis de Belém (Pastéis de Nata), que são vendidos em várias padarias e confeitarias pelo preço médio de 1,00€. Uma dica: próximo ao Mosteiro há a famosa casa “Pastéis de Belém”, que está sempre lotadíssima e os doces não tem diferença NENHUMA da receita dos pastéis de nata servidos em outras confeitarias de qualidade. Mas, se você quiser curtir o local e aguentar muita gente (mas muita gente mesmo), boa sorte!
Em Lisboa, próximo ao Cais do Sodré (em frente à Estação de Trem/Metro) está o Mercado da Ribeira. Internamente ele foi totalmente reformado, padronizando os restaurantes, bares, cafés e confeitarias. Tornou-se um ótimo ponto para um happy hour ou até mesmo para refeições maiores. É mais caro que nos demais locais de rua, mas é um charme e vale um “fino” (1,20€) – fino é como é chamada a cerveja de pressão servida nas tulipas.
Agora, voltando a nossa cozinha… fazíamos compras em um mercado excelente, chamado Pingo Doce. Este é o mercado com melhor custo-benefício e qualidade unidas que já vimos. Os produtos da marca própria são ótimos, diferentes de outros locais que deixam a desejar na qualidade. Por isso, mesmo cozinhando em casa (e não tão bem), as refeições foram ótimas.
O valor médio mensal de mercado em Lisboa foi de 300€. Comparativamente gastamos menos que em Buenos Aires e com qualidade superior. O vinho português é ótimo e muito barato. A variedade de pães até impressiona. E os embutidos são excelentes, como a Alheira (1€), originária da região de Trás-os-Montes, que já sinto saudades nas refeições diárias de tão saborosa. Para quem gosta de saber, os ingredientes são carne de aves, pão, azeite e alho. Olha ela aí embaixo:
Seguindo nossa comparação de alguns produtos básicos:
– Leite (Longa Vida 1l): 0,51€
– Iogurte Poupa de Frutas (125 g): 0,88€
– Presunto Cozido (150 g): 1,15€
– Carne boi (vitela 260 g): 0,97€
– Vinho Tinto (várias marcas 750ml – DO Alentejo e DO Douro): 2,00€
– Cerveja (Quilmes 355ml): 0,40€
Água
Em Portugal você pode tomar água da torneira tranquilamente, em qualquer lugar do país. Inclusive, nos restaurantes, é muito comum as pessoas pedirem água da torneira para acompanhar as refeições e não é cobrado por isto. O Brasil ainda tem muito preconceito com isto, mas nós achamos ótimo!
Lavanderia
Nosso apartamento tinha máquina de lavar roupas, então, não precisamos utilizar a lavanderia. Mas, no prédio onde moramos havia vários serviços no térreo, entre eles uma lavandeira no estilo self service. O preço médio era de 6,50€ para utilizar a máquina de 11 kg de roupa, incluindo sabão em pó e amaciante e mais 2€ para deixar e pegar outra hora.
Melhor época
Lisboa é incrível o ano todo. Para que não gosta de calor, evite ir no mês de julho e agosto, quando as temperaturas sobem para valer. Quando fomos era primavera e o clima estava ótimo. Venta muito, então Lisboa não tem poluição no ar (pelo menos não perceptível como outras capitais). No verão a vida cultural se intensifica, com mais opções de teatro, musicais e outras apresentações artísticas, como no belíssimo Teatro Nacional D. Maria II (abaixo).
O inverno faz frio, mas não neva. Então, também é tranquilo para passear por todos os parques, jardins, castelos e pela beira do Tejo, no Jardim do Passeio dos Heróis do Mar (abaixo).
Para mais dicas sobre turismo em Lisboa, aguarde nosso outro post! 😉
* O espaço Schengen é composto pelos seguintes países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Islândia, Itália, Letônia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Noruega, República Checa, Países Baixos, Polônia, Portugal, Suécia e Suíça. Isto quer dizer que você só poderá ficar 3 meses direto neste espaço. Depois é preciso sair e retornar.
6 Comments
Oi pessoal, tudo bom?
Curtimos muito esse post, vamos colocar o pé na estrada agora em Setembro, e em Novembro passaremos um mês em Lisboa. Portanto, vocês podem imaginar o quão útil foram as informações.
Já estamos seguindo vocês, parabéns pelo blog, ele tem muita qualidade!!!
Abraço,
Cynthia e Lucas
http://www.vainamala.com.br
Olá pessoal, tudo joia?
Curtimos muito esse post, em Setembro colocaremos o pé na estrada e em Novembro passaremos um mês em Lisboa. Portanto, vocês podem imaginar como o as informações foram úteis.
Já estamos seguindo o blog, que aliás tem muita qualidade! Parabéns!!!!
Abraço,
Cynthia e Lucas
http://www.vainamala.com.br
Boa noite.
Sou um prestador de serviços na área da Tecnologia da Informação aqui no Brasil trabalhando de forma remota.
Existe a possibilidade de se obter um visto para imigrar para Portugal justificando que estou trabalhando para uma empresa do Brasil?
Obrigado
Oi Renato,
tudo bem?
Sobre sua pergunta, infelizmente não conseguimos residência em Portugal, mesmo comprovando renda oriunda de empresa brasileira.
As regras do Consulado são bem restritas. É possível aplicar para residência quando se tem renda de investimentos, imóveis ou propriedade intelectual (ou quando é aposentado).Veja aqui: http://consuladoportugalsp.org.br/visto-de-residencia-para-aposentados-ou-titulares-de-rendimentos/
Sabemos que a Bélgica possui uma lei flexível para residência de empreendedores. Veja aqui: https://www.henleyglobal.com/residence-belgium/
Pode ser uma possibilidade para ti.
A Alemanha também tem um visto “freelance”: https://service.berlin.de/dienstleistung/305249/en/
Porém, obtê-lo é bem trabalhoso e precisa de alguém que fale bem alemão (caso não seja seu caso) para te ajudar na tradução da burocracia.
A Espanha tem algo assim também, mas vimos que o trâmite é bem bucrocrático, mas vale a pena olhar também: http://www.expatica.com/es/employment/How-to-set-up-as-a-freelancer-or-as-self-employed-in-Spain_471622.html
Esperamos ter ajudado!
Sucesso na sua vida nômade!
Abraço,
Thaisy e Roger
Ola Thaisy!
Muito bem explicado! Obrigada pelo post. Vocês recomendam a acomodação? Conseguiram através do airbnb ou diretamente com outra empresa? Eu estou planejando ficar uns dois meses em Lisboa e estou dando uma olhada nos preços dos apartamentos simples e mobiliados. Obrigada
Desculpa Thaisy eu vi que vocês conseguiram pelo airbnb! Obrigada