Viña del Mar é um dos destinos turísticos mais visitados e o balneário mais charmoso do Pacífico no Chile! Engana-se quem pensa que Viña del Mar se resume a sua orla urbanizada, praias gostosas de águas geladas e ao relógio de flores – cartão-postal local.
Nossa experiência morando em Viña del Mar nos mostrou uma cidade diferente e muito agradável de viver. Confira a seguir!
Diário Nômade de Viña del Mar
Já havíamos morado em Santiago e ido para Mendoza. No retorno ao Chile, de onde saía nosso voo de retorno ao Brasil, optamos por ficar mais um mês, agora em Viña del Mar.
Em anos anteriores tínhamos visitado a região, mas apenas como um bate-volta de Santiago. Portanto, nossa lembrança era da orla bonita e dos pontos turísticos mais famosos: o relógio de flores, o cassino e o Muai da Ilha de Páscoa que está exposto em frente ao Museo Fonck.
Grata foi nossa surpresa de conhecermos o outro lado de Viña del Mar: limpa, organizada, tranquila e com muitas opções de lazer.
Onde morar
A área turística de Viña del Mar é relativamente pequena e é nela que se concentram os apartamentos de aluguel. Ficamos em um apartamento ótimo, pertinho da rodoviária e ao lado de um Shopping que abriga um grande mercado (foto da vista da nossa janela abaixo). Infelizmente no teto do shopping havia um kart. Diversão para toda família, mas barulho das 10h até às 22h. Depois de 15 dias estava realmente enlouquecendo com tanto barulho! Mas, tirando isto, a localização era ótima.
O aluguel do ap via Airbnb foi de $ 700 dólares, ótimo preço para o tipo do apartamento, equipamentos disponíveis e localização.
Ainda não sabe como alugar pelo Airbnb? Veja aqui.
O apartamento era muito bem decorado, com quarto confortável e cozinha bem equipada. E o prédio tinha excelente estrutura, pois aguentou o terremoto de 8.3 graus na escala Richter! (que vai de 1 a 10) – um dos três mais fortes do país nos últimos anos, “perdendo” para o de 2010, que alcançou magnitude 8,8, e para o de 1960, que chegou a 9,5.
Um parênteses para o terremoto!
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Terremotos
O Chile está localizado na união de duas placa tectônicas: a de Nazca, posicionada sob o Oceano Pacífico, e a Sul-americana, posicionada na América do Sul. Portanto, em uma zona de movimentos sísmicos constantes. Todos os moradores do país estão muito acostumados com vários tremores por mês (e até por dia em algumas localidades). Assim, sentir a terra tremer por lá não é novidade para ninguém.
Já estudei isto na escola, mas não sabia como “funcionava” de verdade tudo isto!
Chegamos no final de agosto e até o dia 15 de setembro não havíamos sentido nada forte. Algumas vezes parecia que havia um balanço, mas era tão imperceptível que nem ligávamos. No nosso mês em Santiago (julho) não sentimos absolutamente nada!
Até que dia 16 de setembro, no final de tarde, estávamos comendo um lanche à beira-mar e o espaço começou a tremer – muito! Tanto que assustou aos moradores – já bem acostumados. As funcionárias começaram a segurar todos os copos e taças das prateleiras e as máquinas de café balançavam incrivelmente! Nunca tínhamos sentido nada assim. Estava confirmado: era um terremoto, e dos fortes!
Em seguida pagamos a conta e fomos caminhando para casa (pela orla), sem ligar os termos “terremoto + mar”. Logo, os carabineiros (a polícia chilena) e a defesa civil começaram a passar na região mandando evacuar a área. Ainda sem entender direito a correria das pessoas, pegamos o primeiro ônibus que passou e um rapaz na condução ligou para o pai perguntando se ele estava em lugar seguro, porque haviam dado o Sinal de Tsunami!!!! Lógico! Terremoto + Mar são dois fatores para criar uma grande onda!
Em seguida recebemos das operadoras de telefonia um alerta em todos os celulares. Até o meu que não estava com chip do Chile recebeu o alerta.
Depois do alerta ficou claríssimo que deveríamos correr para uma área segura. A cidade é toda sinalizada com placas mostrando as zonas de evacuação para lugares seguros (em geral, lugares altos e longe do mar).
Correria da população, pequenos congestionamentos para sair para as áreas seguras, apagão geral, mas, felizmente, foi apenas o susto. A onda que chegou não afetou Viña del Mar, apesar de ter feito estragos em Coquimbo, uma região mais acima e próxima do epicentro. O tremor também não afetou em nada nenhuma estrutura da cidade, sem perdas, sem prejuízos em Viña.
Chegamos e conversamos com o porteiro do nosso prédio, pois como era nossa primeira experiência do tipo, tínhamos dúvidas se era seguro subir ao nosso apartamento que ficava no 11°. O porteiro explicou sobre a estrutura do prédio, os tipos de construção, a segurança e responsabilidade dos engenheiros, enfim, nos deixou bem confortáveis e subimos. Boa parte da cidade ainda estava sem luz e, consequentemente, sem internet. Então, sentamos na sacada e ficamos aguardando as coisas voltarem. Passados uns 20 minutos o prédio balançou muito!!! Ficamos meio apavorados, pois tínhamos certeza que o tremor passou. Menos de 1 minuto depois, cessou. Mais 15 minutos e veio outro tremor. Meia hora depois, outro. 2 horas, outro… São as chamadas Réplicas: ondas sísmicas que acontecem após o tremor principal. Ficamos sentindo tudo balançar por uns 10 dias. Uma loucura!
A sensação mais estranha foi quando fomos ao parque, no domingo, e deitamos no gramado. Minutos depois ocorreu um tremor e sentimos realmente o poder da terra, pois parecia que o gramado estava se mexendo em torno de 1 cm para cada lado de nós e ia abrir um buraco bem embaixo de nossas costas! Realmente incrível a força da natureza!
No final, até acostumamos, mas a sensação é muito estranha!
Fecha parênteses e seguimos nosso post!
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Conectar-se
Telefonia Móvel
Assim como em Santiago, as operadoras disponíveis em Viña del Mar eram: Claro, Personal e Tuenti. Não compramos novo chip, utilizamos o de Santiago mesmo, apenas recarregamos. Valor da recarga: 1200 pesos chilenos (quase $ 3.70 dólares). Esta durou pelo mês inteiro.
Diferente de Santiago, a conexão 3G em Viña era um pouquinho melhor, pelo menos mais rápida, que dava para responder e-mails com maior tranquilidade. Mas, não se animem! Nada de voice (Skype) de boa qualidade.
Wi-Fi
No nosso apartamento, a velocidade do wi-fi era boa, 33,58 Mb de download e 4,58 Mb de upload, e o sinal estável. Não tivemos nenhum problema, exceto no dia do terremoto que tudo apagou. Mas, 2 horas depois estava tudo normal novamente.
Na praia havia um sinal free de wi-fi. Até consegui acessar o Google para fazer uma pesquisa, mas nada de abrir os resultados da pesquisa em si. Shoppings, cafés e redes de fast foods até oferecem sinal aberto, mas é tão ruim que nem valeu a pena ficar tentando.
Trabalhando
Coworking
Como sempre, nós trabalhamos em casa. Mas, nas nossas andanças pela cidade encontramos um coworking novinho e bem localizado: o HouseNovo. Lindo espaço (foto abaixo de divulgação) e com planos bem interessantes. Veja aqui.
Quer saber mais sobre como funciona um coworking? Leia aqui.
Deslocamentos
Basicamente andamos a pé em Viña del Mar. Nada é muito distante na região do centro até a orla. Para agilizar e poupar tempo, em alguns dias pegamos ônibus. O sistema de transporte lá é muito bom, apesar de um pouco confuso no início. São micro-ônibus (a foto abaixo é deste blog) e o bilhete (foto mais abaixo) é comprado direto com o motorista.
A tarifa varia de acordo com o percurso. Então, é preciso avisar ao motorista, já na entrada, onde você vai descer. Esta é parte difícil para quem não conhece a cidade (nem as linhas dos ônibus). Mas, dávamos um ponto de referência que procurávamos no maps antes e o motorista cobrava. Sinceramente, até agora não entendemos direito a cobrança, porque alguns na ida cobravam CLP 340 e o mesmo percurso na volta era CLP 400. Enfim, sempre conseguimos ir e voltar sem problemas.
Há também algumas vans que circulam (creio que legalmente) pela cidade. Os cobradores passam gritando o destino e as pessoas vão entrando. Essa opção, nunca pegamos, pois me lembram muito as vans ilegais do Rio de Janeiro… rs
Os ônibus para a orla são mais frequentes e existem muitas linhas que fazem trajetos similares. Então, perdeu um, logo virá outro! Porém, para o interior da cidade não é assim tão fácil. Era um domingo lindo de sol e resolvemos conhecer o Jardim Botânico Nacional. Na tabela de horários dizia que os ônibus eram de 40 em 40 minutos. Ok. Fomos para o ponto e esperamos. Esperamos. Esperamos. Passou 1:10 minutos. Nada do ônibus. Perguntei para um grupo de jovens que estavam esperando também antes mesmo de nós chegarmos e eles disseram que o ônibus estava atrasado, mas que acreditavam que logo viria. Lá se foi 1:30 minutos e nada! O grupo de jovens desistiu. Nós fomos andando em direção ao centro, sempre próximo das paradas. Dois pontos à frente (mais uns 15 minutos), finalmente, conseguimos pegar o ônibus, que estava abarrotado de gente! 30 minutos depois chegamos ao Jardim Botânico, que valeu cada minuto, pois o lugar é muito lindo e tem até algumas trilhas para fazer e um espaço amplo com churrasqueiras, que as famílias aproveitam muito bem!
No retorno, as mesmas pessoas que foram, voltaram e a lotação continuou. Não foi fácil. Não entendemos porque havia tão poucos ônibus naquela linha tão importante e disputada para um dos pontos turísticos mais lindos da cidade. Mas, ok. Faz parte não entender as cidades.
Na Cozinha
Na parte culinária já estávamos esperando preços altos e qualidade mediana. E se confirmou. Viña del Mar tem ótimos restaurantes turísticos, porém achamos muito caros e não fomos em nenhum, pois foi bem a época da alta fenomenal do dólar. Pelas redondezas do nosso apartamento, também não encontramos restaurantes caseiros e baratos, apenas os fast foods do shopping. Estes eram baratos e gostosos. O hambúrguer do Pedro, Juan e Diego era é o melhor, com excelente custo-benefício! risos
As compras de mercado fazíamos no Líder, que ficava dentro do shopping ao lado de casa. Tinha bons produtos e boa variedade de frutas e verduras. Entretanto, o preço era bem altinho, infelizmente.
O valor que gastamos no mês com mercado em Viña del Mar foi de CLP 256.270 (cerca de $380 dólares).
Nossa comparação de alguns produtos básicos:
– Leite (Longa Vida 1l): 739 pesos chilenos ($1.10 dólar)
– Iogurte Poupa de Frutas (125 g): 309 pesos chilenos ($0.50 dólar)
– Presunto Cozido (250 g): 2.239 pesos chilenos ($3,40 dólares)
– Carne boi (Posta Negra 1kg): 6.290 pesos chilenos ($9.50 dólares)
– Vinho Tinto (750ml – Concha y Toro): 3.690 pesos chilenos ($5.55 dólares)
– Cerveja (Escudo 355ml): 549 pesos chilenos ($0.82 dólar)
Se você gosta do cafezinho passado como nós, vai sofrer! Lá não é costume tomar o espresso. Tivamos uma experiência de pedirmos um cafezinho após o almoço e nos serviram duas xícaras de águas quente com ‘nescafé’ solúvel. Uma beleza! Não achamos, em nenhum lugar, coador de papel e o pó é caríssimo (em média R$ 50,00 por 500g de café em pó de marca brasileira. A da marca colombiana ia para uns R$ 75,00!). Ficamos só na vontade durante o mês.
Água
A água da torneira em Viña del Mar tinha sais, como em Santiago, porém menos, o que deixava o sabor mais normal. Tranquilo para beber e cozinhar.
Lavanderia
Nosso prédio tinha uma lavanderia. A máquina pedia moedinhas: 1700 pesos chilenos para lavar as roupas e você tinha que levar sabão e amaciante. Pelo medo das máquinas estragarem as roupas, como em Santiago, pois eram as mesmas da mesma marca, resolvemos lavar roupa na mão mesmo. Havia um varal de chão e tudo resolvido sem gastos!
Melhor época
Pegamos o finalzinho de inverno em Viña del Mar. O mar estava gelado e o tempo friozinho. Era até divertido ver todo mundo na praia de blusas e meias, fazendo piquenique, lendo livros, brincando, menos entrando na água!
Percebemos que os chilenos são muito “família”, com todos brincando juntos e curtindo a tarde. Isto deixa um clima bastante agradável e passa uma sensação gostosa de segurança. Adoramos!
Caminhar na praia era ótimo, pois a orla tem barzinhos e restaurantes, brinquedos para as crianças, equipamentos de exercícios para os adultos, ciclovia, pista de caminhada, além da bela paisagem.
Apreciamos também vários pores do sol incríveis, como o da foto abaixo! Deixou saudades…
Como era setembro, o Chile comemora sua independência de uma forma bem mais alegre que no Brasil. Na semana pátria tem várias festividades e a realização da tradicional ‘Ramada‘ (ou Fonda – chamada em Santiago), uma grande ‘feira’ que mistura shows folclóricos (a famosa dança cueca), música, comidas típicas, jogos, brincadeiras, vendas de diversos produtos… Valeu conhecer e participar de uma celebração tão bonita e que mostra o patriotismo do povo!
Viña del Mar também tem muita cultura, pois toda semana havia um evento distinto acontecendo pela cidade, desde festas nipônicas (que aconteceu no Jardim Botânico) até apresentações de artistas famosos, que estava em cartaz no histórico cassino (ainda em funcionamento). Para quem gosta de teatro, música e artes, vale a pena conferir a programação semanal da cidade!
E para terminar o post, nada melhor que Pablo Neruda, o famoso poeta chileno que recebeu o prêmio Nobel de Literatura em 1971. Ele se estabeleceu na região (mais precisamente em Valparaíso e Isla Negra – pertinho de Viña del Mar) e pelas ruas há seus poemas espalhados em murais! Boa leitura e até o próximo destino!
